Racionalismo Cristão é expressão que nem todos podem compreender. É uma Filosofia Espiritualista bela e pura, saudável, ensina as criaturas como devem viver, como podem se desvencilhar das trevas da ignorância e adquirirem mais luz para seus espíritos. Fernando Faria

Por que sofremos? – Por Fernando Faria

7. Por que sofremos?
7.1 O ser humano sofre porque desconhece a Verdade. É necessário que todos se esclareçam sobre a finalidade da Vida e a maneira correta de conduzir-se na existência terrena, para evitar sofrimentos desnecessários e perdas de encarnações.

7.2 Para não sofrer, o ser humano deve fugir de extravagâncias, adotando as regras do bom senso comum em atos e palavras, e não se desviar do que preceituam as leis naturais e imutáveis da Vida, procurando entendê-las e cumpri-las.

7.3 Deve procurar conhecer-se como Força e Matéria, para bem distinguir a vida material da espiritual.

7.4 O Espírito é uma partícula da Inteligência Universal e, como tal, está subordinado à Lei da Evolução; logo é dever dos seres humanos procurar evoluir espiritualmente.

7.5 A calma e a serenidade são indispensáveis como condição importante para o acerto das resoluções a tomar; estas, quando bem orientadas, conduzem ao êxito.

7.6 Sofremos para estimular a marcha do Espirito rumo à sua evolução. A evolução do Espírito é o resultado do seu esforço, da sua vontade, das suas aspirações de progredir. Durante essa marcha ocorrem, porém, frequentes pausas devidas à intolerância e ao comodismo do espírito encarnado, principalmente se ele não se vê muito assediado pelas dificuldades.

7.7 Mas, quando as atribulações vêm — e não deixam de vir, para sacudir, para despertar — aí, sim, sente-se o indolente perplexo, atordoado pela insegurança que constata no vácuo por ele próprio criado no interior de sua existência.

7.8 Hoje, como no passado, os que estudam os problemas e os conflitos humanos — e entre esses estudiosos se encontram, destacadamente, os praticantes do Racionalismo Cristão — sabem que somente pela educação espiritual poderá fazer-se de cada criatura um ser pacífico e verdadeiramente honrado.

7.9 Jamais o espírito se deverá deixar abater. Um revés não significa mais que um incidente passageiro. Ele deve servir para chamar a atenção para algo que foi negligenciado ou que era desconhecido. Muitas vezes chega até a ser útil.

Força e Matéria
7.10 De qualquer modo, sempre há de haver uma experiência a colher e uma lição a guardar de cada insucesso que ocorre.

7.11 Na vida nada acontece por acaso. Tudo tem a sua explicação, o seu motivo, a sua causa, a sua razão de ser. Ninguém pode aprender somente com o êxito, pois também se aprende, e muito, com o insucesso. A felicidade, a saúde e o bem-estar não seriam tão desejados se fossem desconhecidas a desgraça, a doença e a miséria.

7.12 Diante disso, ninguém deve esmorecer. O lema é sentir o mal para evitá-lo, para combatê-lo, para destruí-lo, e conceber o bem para conquistá-lo, para atraí-lo, para integrá-lo aos hábitos e costumes todos os dias.

7.13 A maioria das enfermidades têm suas causas predisponentes no enfraquecimento do espírito que, por seu abatimento, por seu desânimo, não comunica, não transmite ao corpo a vitalidade que nasce da energia.

7.14 Só depois de incontáveis desenganos e de sofrer muitos agravos, injustiças e ingratidões, é que o indivíduo mede, no íntimo da sua natureza espiritual, a extensão das misérias humanas, contra as quais se revolta, enojado dessas baixezas, fato que o leva a sentir repugnância por elas.

7.15 Assim, de repugnância em repugnância às mazelas reconhecidas e experimentadas, o espírito vai-se libertando das ações inferiores para colocar-se por convicção haurida do esclarecimento nas linhas rígidas da conduta modelar.

7.16 Fujam os seres, o quanto possam, da justiça terrena, tantas e tantas vezes falha na apreciação dos feitos humanos, mas jamais escaparão à sanções espirituais que os farão colher, no devido tempo, o fruto das sementes que houverem lançado sobre a Terra.

7.17 Ao delinquente, não será imposta nenhuma sanção espiritual. Não há um Tribunal Astral. É o próprio espírito que à justiça se submete voluntariamente, no momento em que, livre de todas as influências deste mundo, procede a detido exame de seus atos, quando nem um só escapa à sua apreciação e julgamento.

7.18 O remorso, nessa ocasião, lhe queima a consciência, como se sobre ela tivesse sido posto um ferro em brasa. Dominado pelo arrependimento, anseia por nova encarnação, disposto a dar o máximo de si para recuperar, o mais cedo possível, o tempo que perdeu na Terra.

7.19 A vida humana está de tal maneira organizada que os acontecimentos ocorrem em época própria, assim considerada quando não são contrariadas, no decorrer da existência, as leis naturais.

7.20 É a violação dessas leis a causa frequente de perturbações e desequilíbrios que, alterando o ritmo natural da vida, acarretam para o espírito profundos sofrimentos.

7.21 A dor moral — se acompanhada de desorientação — produz vibrações suscetíveis de atrair e reter influências e fluidos deletérios.

7.22 No entanto, desde que a criatura possua algum conhecimento da vida e perceba as associações existentes entre o corpo e o espírito — sem perder de vista a precariedade e transitoriedade dos valores terrenos — compreenderá a necessidade de opor reação imediata ao sofrimento, para não se deixar dominar por ele, assim como aos pensamentos de fraqueza que o poderão conduzir à depressão espiritual e física, causa de tantos avassalamentos.

7.23 É a queimadura de alto grau, produzida pelo atrito da luta íntima entre a constatação do mal praticado e a consciência do dever deixado de cumprir, que faz trabalhar o raciocínio, exercitando-o e desenvolvendo-o.

7.24 A grande maioria dos suicídios, dos casos de loucura, das desavenças, das arruaças, dos conflitos, das agressões, das discussões, das desordens, das intrigas e das convulsões por paixão política, é provocada pela interferência das forças do astral inferior.

7.25 Somente no mundo relativo à classe a que pertencem, para onde terão de seguir antes de voltarem a encarnar, é que os espíritos — livres de toda a perturbação e em plena lucidez — reconhecem o grande atraso que traz à evolução do ser humano a desencarnação prematura.

7.26 Na atmosfera da Terra, de um modo geral, os espíritos desencarnados do astral inferior, consideram melhor a vida que levam, sob certos aspectos, do que a dos encarnados. Por isso desejam, muitas vezes, que os amigos que deixaram na Terra também desencarnem, para fazer-lhes companhia, e passam a trabalhar astralmente para isso, sem que estejam movidos por qualquer sentimento de animosidade.

7.27 Para descobrirmos a Verdade, precisamos encontrar uma lente clara, pois se olharmos o mundo através de lentes coloridas, correremos o risco de deturpar a realidade dos fatos. O Racionalismo Cristão, para evitar sofrimentos, desencantos e fracassos, nos oferece a lente límpida das suas obras, as quais darão, através do estudo, uma orientação segura aos amargurados e àqueles que vivem indecisos e sem objetivo.

7.28 A Doutrina Racionalista Cristã é esclarecedora, mas não milagrosa. Se os milagres fossem possíveis, veríamos crescer um membro amputado do corpo humano. As paredes das salas de milagres das igrejas exibem muletas, cadeiras de roda, mas nenhuma perna mecânica. Também, muitos precursores da Doutrina Racionalista Cristã não teriam morrido de doenças. Não se deixe abater, a dor por mais intensa que seja passa e não fere tanto quando se lhe opõem a coragem e o valor. Tudo passa nesta vida.


7.29 A alma, por amor egoísta, deixa-se envolver por ilusões. Então é tomada pela paixão, pela materialidade, pela religião e pelos preconceitos de família, de classe ou raça. As ilusões, atuando como armaduras, impedem que a alma raciocine. Contudo, esses enganos dos sentidos, essas fantasias, mais cedo ou mais tarde, serão desmantelados pelos revezes da vida através da dor, dos desenganos, das desilusões. Isto sempre acontecerá para sacudir, para depurar, para libertar a alma desse estado fantasioso, ilusório. Então, quando a dor passar, a alma vislumbrará maior Verdade e mais Luz.